O Palmeiras, o Mercado da Bola e o Fair Play Financeiro

 

A torcida do Palmeiras tem vivido dias de muitas expectativas neste fim de ano. Depois de várias temporadas vendo o time sem fazer boas contratações pontuais para reforçar o elenco multicampeão que elevou o sarrafo do futebol nacional, neste momento, o Palmeiras adotou uma postura mais agressiva no mercado da bola e partiu em busca de jogadores de alto nível para reforçar seu plantel, visando as várias competições que disputará em 2025, entre elas o tão badalado Mundial de Clubes da FIFA, ou Supermundial, como alguns já apelidaram a competição.

O primeiro reforço anunciado foi o atacante Facundo Torres, uruguaio de 24 anos contratado junto ao Orlando City por cerca de € 14 milhões. Além dele, há a expectativa pelo anúncio do atacante Paulinho, que está sendo negociado junto ao Atlético-MG por € 18 milhões, e ainda há a possível vinda do meio-campista Andreas Pereira, que estaria sendo negociado junto ao Fulham num valor que pode chegar a € 22 milhões.

As cifras das transações impressionam, pois nós nos acostumamos a ver o Palmeiras sempre recuando diante de propostas, sob o argumento de que “os valores assustam”! E isso ocorreu nas últimas quatro temporadas. Há tempos que não vemos o Palmeiras negociando a contratação de jogadores de peso, prontos para chegar e agregar qualidade ao nosso time dentro de campo.

Até aqui, vimos prevalecer a política da continuidade, com uma ênfase equivocada na manutenção de uma espinha dorsal, que nos auxiliou a conquistar vários títulos, é verdade. Mas, essa maneira de gerir o elenco trouxe várias conseqüências negativas. Ao desconsiderar o desgaste natural causado pela passagem do tempo, esse modelo acabou por sobrecarregar jogadores, que foram exigidos a entregar em campo o que fisicamente já não tinham condições de entregar, como é o caso de Marcos Rocha.

Além disso, essa insistência na renovação dos mesmos jogadores por várias temporadas seguidas, fez com que o Palmeiras perdesse o timing para a venda de várias peças do nosso plantel. Jogadores como Rony, Raphael Veiga e Gustavo Gómez, por exemplo, já passaram pelo auge das suas carreiras e o Palmeiras perdeu a oportunidade de vendê-los no momento de alta, quando a venda poderia não só ter rendido bons valores ao clube, mas poderia também ter dado aos atletas a oportunidade de alavancar as suas carreiras.

Descrevi tudo isso para ilustrar o contexto no qual as negociações do Alviverde no mercado da bola estão ocorrendo. Houve uma mudança drástica de postura e o clube finalmente está atuando no mercado com a força que a sua grandeza lhe proporciona.

É esta demonstração de força que tem deixado a torcida palmeirense feliz. Ainda não sabemos se dará tudo certo dentro de campo, mas só de ver o clube agindo como esperamos por várias temporadas já nos deixa aliviados. Pelo menos iniciaremos a próxima temporada com reforços que nos permitirão brigar por títulos sem que passemos vergonha, como a que passamos agora em 2024.

E é esta demonstração de grandeza e força que está causando alvoroço entre os nossos adversários, levando muitos torcedores rivais a acusar o Palmeiras de não agir com fair play financeiro.

Vale lembrar que o Verdão é um dos clubes que mais defendem a adoção de regras rígidas de fair play financeiro, justamente para evitar concorrência desleal no mercado da bola. Com tais regras, os clubes deveriam fazer contratações que estivessem respaldadas em sua arrecadação e em seus compromissos assumidos, evitando que os clubes se endividem de forma excessiva, não conseguindo honrar compromissos futuros.

Dito isto, as acusações feitas pelos rivais têm algum fundamento? A resposta é um alto, sonoro e inequívoco NÃO!

Sem clubismo, o Palmeiras é um dos clubes que mais têm se preocupado com o equilíbrio financeiro de suas contas. Isso chegou inclusive a ser motivo de críticas por parte da torcida, que queria ver o time investindo mais e melhor. O fato é que o Palmeiras passou anos investindo de forma mais tímida, dando ênfase às renovações com jogadores experientes do próprio elenco e trazendo reforços que ainda necessitavam de maturação antes de apresentar resultados dentro de campo.

E não podemos dizer que o Palmeiras deixou de investir, mas que investiu com uma postura diferente da que estamos vendo agora. Vale lembrar que em 2024 o clube investiu cerca de R$ 238 milhões na contratação de oito reforços: Bruno Rodrigues, Aníbal Moreno, Caio Paulista, Lázaro (emprestado), Rômulo, Giay, Maurício e Felipe Anderson.

A postura cautelosa do Palmeiras no mercado da bola, somada à sua busca por novos investimentos e fontes de receitas, permitiu que as receitas crescessem muito nos últimos anos, com a temporada de 2024 registrando o recorde de arrecadação, com o clube superando a marca de R$ 1 bilhão pela primeira vez na sua história.

O Palmeiras está fazendo altos investimentos e está agindo de forma agressiva no mercado respaldado por sua saúde financeira. Ou seja, o clube tem capacidade financeira de fazer os investimentos que está fazendo, sem comprometer o equilíbrio das suas contas ou o pagamento dos compromissos assumidos.

É importante destacar que a temporada de 2025 nos trará recursos que não tivemos agora em 2024. Por exemplo, o acordo com a Sports Hub, sobre as placas de publicidade, nos renderá R$ 63 milhões por ano de 2025 a 2029. Há ainda o novo valor do patrocínio da Puma, de R$ 50 milhões; o novo patrocínio máster da SportingBet, recém anunciado, que renderá R$ 100 milhões anuais; e a premiação pela participação do Verdão no Mundial de Clubes da FIFA, que poderá chegar a € 50 milhões.

Portanto, qualquer acusação envolvendo fair play financeiro não tem o menor respaldo na realidade. São acusações falsas, ou feitas apenas por torcedores invejosos que gostariam de ver os seus times agindo no mercado com a agressividade demonstrada pelo Verdão.

Foram anos de trabalho, reestruturação e ajustes internos até que pudéssemos ter a saúde financeira e a solidez que temos hoje. Nada caiu do céu. Foram necessários trabalho duto e sacrifícios para chegarmos aqui. Hoje colhemos os frutos do trabalho iniciado há mais de dez anos por Paulo Nobre.

Esperamos muito tempo por isso e agora vamos aproveitar! Que os reforços venham e atinjam as expectativas, mudando a qualidade do futebol apresentado em campo e nos ajudando a ter uma temporada vitoriosa em 2025.

Resta saber se Abel Ferreira saberá lidar com esse novo elenco. Mas aí é tema pra outro artigo!

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