Os 81 anos da Arrancada Heroica

 



O ano era 1942. A 2a. Guerra Mundial devastava a Europa e o mundo testemunhava os combates sangrentos entre os países Aliados (EUA, Reino Unido, URSS, entre outros) e os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão).

O Brasil, governado pelo ditador Getúlio Vargas, havia declarado guerra aos países do Eixo e qualquer pessoa, entidade ou instituição que fosse ligada a uma das nações inimigas sofria sérias sanções legais. Isso trouxe muitos problemas para os imigrantes que viviam no Brasil, e as grandes colônias italiana, alemã e japonesa sofreram muitas restrições e tiveram muitos dos seus bens confiscados pelo governo brasileiro.

Sou neto de imigrantes japoneses pela minha família materna. Meus avós chegaram ao Brasil em 1927 e em 1942 já estavam há quinze anos estabelecidos aqui. Não sei especificar quais dificuldades a minha família passou neste período, mas como eram lavradores e viviam no interior de São Paulo, talvez tenham enfrentado menos dificuldades que os imigrantes que viviam nas cidades.

Nesse contexto o então Palestra Itália, por conta da sua forte ligação com a Itália, teve que mudar de nome duas vezes para continuar existindo. Em março de 1942 passou a se chamar Palestra de São Paulo, mas por conta do nome "Palestra" ter sido associado à Itália mesmo com a etimologia da palavra mostrando que a sua origem é grega, o clube precisou mudar novamente de nomenclatura e, no dia 14 de setembro de 1942, teve o nome definitivamente mudado para Sociedade Esportiva Palmeiras.

O Palestra de São Paulo liderava o Campeonato Paulista e faltavam apenas duas partidas (contra o São Paulo e o Corinthians) para o término da competição e vencer uma das duas partidas daria o título ao Alviverde.

O dia 20 de setembro de 1942 marcou o dia no qual o Palmeiras entrou em campo pela primeira vez com o novo nome, para enfrentar o São Paulo F.C. pelo Campeonato Paulista.

Hostilizado pela imprensa e pelos adversários, acusado de ser um clube fascista e inimigo da pátria, o recém nascido Palmeiras mostrou o seu amor ao país, com o elenco alviverde entrando em campo empunhando a bandeira nacional diante de um Pacaembu lotado. A esperada vaia dos adversários foi substituída por um caloroso aplauso.


Em pé: Oberdan, Echevarrieta, Begliomini, Junqueira, Viladoniga, Waldemar Fiume, Zezé Procópio, Og Moreira, Del Nero, Lima, Claudio, Clodô; Agachados: Claudio Cardoso e Del Debbio

Em campo, o jogo foi muito disputado e o Alviverde abriu o placar aos 20 minutos. Três minutos depois o Tricolor empatou e o Verdão voltou a ficar à frente aos 43 minutos. Já na segunda etapa, aos 14 minutos o Palmeiras ampliou e aos 19 minutos ocorreu o lance que ajudou a marcar ainda mais a partida: nosso jogador Og Moreira foi atingido por Virgílio dentro da área e o árbitro Jaime Janeiro assinalou pênalti a favor do Verdão e expulsou Virgílio.

Por discordar da decisão do árbitro, o time do São Paulo abandonou o campo e o árbitro encerrou a partida com vitória do Palmeiras, que se sagrou campeão paulista de 1942.

O Palestra morreu líder e o Palmeiras nasceu campeão!!!

A perseguição e o preconceito com os quais tentaram acabar com a nossa instituição fizeram nascer o Maior Campeão do Brasil, o primeiro time a vencer um título mundial de clubes, um clube que fez história em várias ocasiões, chegando a rivalizar com o Santos de Pelé e a representar o país vestindo a camisa da Seleção Brasileira.

Esta é uma história que ilustra a nossa rica trajetória, desde a fundação como Palestra Itália, até a transformação em Sociedade Esportiva Palmeiras. Todo palmeirense precisa honrar e lembrar-se da data de hoje com orgulho!


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