O Palmeiras e o mercado da bola


Não é de hoje que a torcida palmeirense vem cobrando a diretoria alviverde para que contrate reforços para o elenco. O próprio Professor Abel Ferreira vem pedindo reforços desde o fim da temporada 2020 e embora o clube tenha feito inúmeras contratações desde então, várias se mostraram equivocadas, escancarando a incapacidade da diretoria palmeirense de obter bons resultados no mercado da bola.

Chama a atenção que times de menor porte, ou menor poder de fogo, conseguem fazer vendas e contratações de maneira mais eficaz que o Palmeiras, deixando bem claro que o sucesso nas negociações não depende do tamanho, da estrutura ou do poder financeiro dos clubes, mas depende principalmente dos profissionais que estão à frente das negociações de compra e venda de jogadores.

No passado recente tivemos no Palmeiras um diretor de futebol que era considerado agressivo no mercado, que era Alexandre Mattos. Após sua demissão foi substituído por Anderson Barros, que é quem ocupa atualmente a diretoria de futebol do Verdão. São dois profissionais com perfis opostos: enquanto Mattos era agressivo nas contratações, chegando a extrapolar, Barros é conservador ao extremo, chegando a perder bons negócios por conta da sua passividade.

O problema em relação ao nosso atual diretor de futebol é que a sua passividade e letargia prejudicam o Palmeiras. Temos hoje um dos melhores técnicos de futebol em atividade no país, mas de que adianta isso se o clube se mostra incapaz de contratar os jogadores necessários para que este técnico tenha um bom elenco com o qual trabalhar?

Mesmo com a política de austeridade fiscal da gestão Leila Pereira é possível fazer bons negócios no mercado da bola. Há inúmeros casos de jogadores que poderiam ser contratados sem o pagamento de multas rescisórias e até mesmo de bons jogadores sem contrato que também renderiam boas contratações. Temos visto vários times fazendo contratações dessa maneira, aproveitando bem as oportunidades de mercado.

Claro que o diretor de futebol não trabalha sozinho na prospecção de bons nomes no mercado. O Palmeiras tem um departamento de scouting que é encarregado de vasculhar o mercado em busca de jogadores que atendam ao perfil definido pela comissão técnica e que também atendam às demandas financeiras do clube. Por isso fica difícil acreditar que todas as oportunidades que perdemos seja responsabilidade exclusiva de Anderson Barros, embora ele como diretor se mostre incapaz até mesmo de direcionar corretamente os trabalhos do grupo de scouting.

O resultado disso é que, temporada após temporada, vemos os nossos rivais se fortalecendo para disputar com o Palmeiras, lembrando que foi o próprio Palmeiras quem elevou o sarrafo da qualidade do futebol brasileiro, obrigando os demais times a se mexerem para permanecerem competitivos diante da nova realidade definida pelo Verdão. Estranhamente o próprio Palmeiras se mostrou acomodado em sua posição de destaque, ao contrário da maioria dos seus rivais diretos.

Reitero a importância do controle de gastos e da austeridade financeira, mas reafirmo também que é possível trabalhar de forma financeiramente responsável e fazer boas contratações. Tenho certeza que se Alexandre Mattos ainda estivesse conosco ele não teria tanta dificuldade para encontrar no mercado os jogadores que atendessem às necessidades da comissão técnica sem comprometer o orçamento do clube.

Agora além das conhecidas e assumidas dificuldades de reposição do elenco, a nossa diretoria tem também que lidar com o assédio de outros times sobre nossos jogadores, como vem ocorrendo com o Gustavo Gómez.

Não sei dizer se ele sairá ou não e nem é minha intenção cravar qualquer coisa neste sentido. O que quero dizer de forma clara é que somos administrados por pessoas incompetentes, que têm grande dificuldade de lidar com as questões básicas do mercado da bola.

Estas dificuldades poderão nos levar à perda da nossa posição privilegiada como clube que define os padrões de qualidade a serem seguidos pelos demais. E a conseqüência imediata desta perda será a nossa dificuldade em nos mantermos competitivos diante dos nossos rivais. Com isso o Palmeiras se arrisca a se tornar um time de meio de tabela, deixando de ser o favorito nas competições e um dos grandes protagonistas do futebol nacional atual.

A meritocracia deveria ser algo a ser utilizado não apenas dentro do gramado, mas também nas demais áreas do clube. E pela meritocracia, um profissional como Anderson Barros já deveria ter deixado o Palmeiras. O problema é que quem define os critérios a serem alcançados pela meritocracia acaba baixando demais o nível a ser alcançado. E há ainda fatores como a conveniência de se manter alguém como Barros no cargo.

Acredito que a presidente Leila Pereira se sinta confortável em ter alguém como Anderson Barros à frente da diretoria de futebol porque ele, com sua passividade, não deve discordar ou contrapor argumentos em relação às decisões da presidente. Leila Pereira tem um perfil profissional centralizador e autoritário, e por isso Barros acaba sendo a pessoa ideal para estar na diretoria de futebol neste momento.

Quanto à possível saída de jogadores, a presidente Leila Pereira deixou clara a intenção de não vender nenhum jogador importante do elenco. Até onde se sabe a diretoria do Palmeiras não recebeu nenhuma proposta formal por Gustavo Gómez e dificilmente a diretoria estaria disposta a permitir a saída do jogador no meio da temporada. Já vimos este posicionamento no ano passado, quando a diretoria barrou a saída do Danilo no meio da temporada, algo que só se concretizou depois do término das competições.

É claro que a situação muda caso algum clube esteja disposto a pagar a multa rescisória de algum jogador nosso. Nesse caso não há o que fazer e nem seria culpa ou responsabilidade da diretoria.

De qualquer forma, a atual fase turbulenta pela qual passa o Palmeiras se deve principalmente à incompetência da diretoria na reposição dos jogadores vendidos e contratação de reforços pontuais. Se a diretoria tivesse conseguido fazer boas contratações no passado, trazendo poucos jogadores, mas que estivessem prontos a entregar resultados em campo, ao invés de trazer várias promessas que acabaram se mostrando um desperdício de dinheiro, não estaríamos nessa situação.

Espero que a diretoria aprenda com os seus erros. Porém, não é com passividade e omissão que tal aprendizado ocorrerá. Não é com medo de ir ao mercado e fazer novas contratações que os erros serão evitados, mas sim através de uma melhora na pesquisa de mercado e melhor análise dos possíveis alvos do clube. Se os processos de pesquisa e prospecção de mercado não deram bons resultados, que sejam revistos e aprimorados, e se os profissionais envolvidos não rendem como deveriam, que sejam substituídos por profissionais capazes e que ajudem a evitar que os erros se repitam. Aliás, manter profissionais que já se mostraram incapazes de realizar as suas funções de forma minimamente satisfatória também é um grande erro.

Tomara que a nossa diretoria aja enquanto é tempo. Ainda podemos evitar uma catástrofe. Somos como um imenso transatlântico, grande e lento para manobrar, mas ao contrário do Titanic, ainda temos tempo de evitar o iceberg. Não podemos afundar!



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