Leila Pereira, a presidente que acabou com a boa fase do Palmeiras


  

Eu tinha a intenção de publicar este artigo na terça-feira (11), mas devido a vários fatores, acabei adiando várias vezes. Nesse meio tempo, reescrevi o artigo diversas vezes, pois vários fatos novos foram surgindo, contribuindo para o artigo que eu queria compartilhar com vocês.

Esta manhã não tem sido fácil. Depois da nossa eliminação na Copa do Brasil para o São Paulo, no Allianz Parque, não sei o que tem sido pior, se a gozação dos rivais ou os comentários dos palmeirenses que tentam de todas as formas justificar o que aconteceu, como se a nossa derrota vexatória fosse algo corriqueiro e aceitável.

Claro que a derrota faz parte, e quem compete sabe que existe o momento da vitória e o momento no qual ela não vem. O problema não é a derrota em si, mas a maneira como ela vem. E no caso do Palmeiras na Copa do Brasil, a derrota veio de forma vexatória. Se há uma palavra que descreva o momento atual do Palmeiras essa palavra é: VERGONHA.

E em minha opinião são vários os culpados pela vergonha que estamos passando diante dos nossos maiores rivais. A maior cota da responsabilidade por essa vergonha pertence à nossa diretoria, que foi omissa e incompetente, não sendo capaz de trazer os reforços necessários para manter o time competitivo e vencedor, e sequer foi capaz de repor os jogadores que foram vendidos. Aliás, compra e venda de atletas é algo que a nossa diretoria tem se mostrado incapaz de fazer de forma satisfatória.

Outra parte da culpa pelo que está acontecendo fica para o Abel Ferreira e os jogadores. Eu coloco parte da responsabilidade sobre o Abel, pois foi ele quem declarou preferir trabalhar com um elenco curto. Ao preferir um plantel reduzido, assumiu os riscos que são inerentes a esta forma de atuação. Além disso, cabe a ele treinar, organizar taticamente o time e orientar os jogadores à beira de campo. Cabe a ele também as substituições, que têm sido cada vez mais equivocadas e incompreensíveis para os torcedores.

Também recai sobre Abel Ferreira a decisão de insistir por tempo demais no uso de jogadores que nada rendem em campo, como Navarro, por exemplo. Algumas pessoas argumentam que Abel fez isso por não ter jogadores bons para substituir os chamados “bagres”. Porém, ao optar por dar oportunidades sucessivas a jogadores como Navarro, Abel Ferreira acabou com as chances dos garotos da base. 

Sabemos que as nossas Crias da Academia precisam de tempo para se desenvolver e adquirir experiência. Porém, tivemos momentos mais adequados para isso, mas que foram utilizados para manter jogadores inexpressivos em campo. E agora, no momento decisivo da temporada, os garotos recebem sobre si a imensa responsabilidade de tentar mostrar em campo o que os jogadores mais experientes não conseguiram mostrar. Isso é injusto com os garotos e é algo que eu coloco na conta de Abel Ferreira.

Quero deixar claro que por mais que eu afirme que o Professor tenha a sua parcela de culpa, não estou pedindo a sua saída ou algo do tipo. Reconheço que Abel Ferreira é o maior treinador da história da Sociedade Esportiva Palmeiras e espero que ele permaneça conosco por muitos anos ainda. O desempenho positivo dele à frente do nosso elenco não o exime de responsabilidade naquilo que sabemos depender exclusivamente dele.

Os jogadores têm a sua cota de responsabilidade também. Desde o ano passado eu afirmo que o nosso atual elenco já atingiu o seu limite e já entregou tudo o que podia entregar. Diante disso, a única maneira de nos mantermos vencedores dentro do patamar que nós mesmos estabelecemos seria através do reforço do elenco, que não ocorreu. Se os jogadores estão cansados, eu até entendo embora não possa aceitar isso sem questionar. Afinal temos uma estrutura de saúde que deveria ajudar nossos atletas a se manterem minimamente saudáveis para se manterem competitivos.

E quanto à atitude dos jogadores, ao ânimo (ou falta dele) apresentado em campo, isso cabe apenas a eles. O treinador pode treiná-los e incentivá-los, mas cabe apenas a cada jogador colocar tudo em prática dentro de campo. Entendo que haja momentos difíceis e dificuldades, mas estes momentos devem ser a exceção e não a regra, como vem ocorrendo. Todos nós somos trabalhadores, somos desafiados por situações diversas no nosso dia a dia e sabemos que há momentos em que o desânimo bate.

Mas jogadores que são bem pagos, que contam com toda uma estrutura montada e com profissionais gabaritados apenas para que eles possam fazer bem o seu trabalho e não o fazem por desânimo, é difícil de aceitar. Afinal, se os jogadores já são muito bem pagos, já têm estrutura top para treino, já contam com profissionais de alto nível para auxiliá-los, já são orientados por um dos melhores técnicos em atividade no país e já estão em um clube multicampeão, e ainda assim se sentem desmotivados, o que poderia motivá-los?

E há ainda a parcela de culpa que recai sobre a parte da torcida que insiste em passar pano pra tudo o que a Leila e o Abel fazem, como se fossem seres perfeitos e incapazes de errar. E esses torcedores ainda criticam aqueles que possuem senso crítico e apontam os erros que prejudicam o Palmeiras, chamando-os de "Enzos" ou "Nutellas", e dizendo que tais críticos merecem o time de 2012. Na boa, cada um pensa o que quer. Mas se querem me refutar, então que o façam com argumentos concretos num diálogo adulto, e não com essa babaquice adolescente.

Até aqui eu expus o que penso a respeito dos fatores que nos trouxeram até aos últimos acontecimentos. Agora quero tratar do tema principal deste artigo: a presidente Leila Pereira.

Leila Pereira passou a fazer parte da história do Palmeiras de maneira ativa a partir de 2015, quando se tornou a principal patrocinadora do Palmeiras através das suas empresas Crefisa e Faculdade das Américas (FAM). A sua entrada como patrocinadora ocorreu num momento crucial da história recente do Palmeiras, que passava por uma profunda reestruturação sob a gestão do presidente Paulo Nobre, que tinha o objetivo de tirar o clube do buraco no qual se encontrava. A nova parceria mostrou resultados já mesmo em 2015, quando conquistamos a Copa do Brasil e no ano seguinte, 2016, quando conquistamos o Campeonato Brasileiro.

Cada vez mais presente no dia a dia do clube, Leila Pereira se tornou conselheira do Palmeiras em 2017 e chegou à presidência em 2021, sendo a primeira mulher da história do Palmeiras a exercer a presidência do clube.

Todos sabem das promessas feitas durante a sua campanha à presidência e também sabemos que a maioria não foi cumprida após a sua posse. Eu entendo que após tomar posse e estar ciente da situação real do clube, muitas promessas ficaram inviabilizadas, mas ela jamais deu qualquer satisfação aos torcedores e àqueles que a elegeram presidente a respeito dos problemas que encontrou, das dificuldades que a impede de cumprir as promessas feitas e ignorou todas as tentativas da torcida de entender o que de fato ocorre no Palmeiras.

Ela chegou a contratar uma empresa de auditoria para entender a real situação do clube e jamais divulgou qualquer informação a respeito do resultado dessa auditoria. O único indício que nós temos que se trata de um resultado ruim é o fato dela ter mudado o tom do seu discurso, passando a focar muito na questão financeira do Palmeiras, inclusive levando muitos torcedores a acreditar que o clube estivesse quebrado, o que ela nunca desmentiu.

Em seu discurso de posse Leila Pereira disse que faria um mandato melhor que o do seu antecessor, Maurício Galiotte. Porém, o que temos visto é uma gestão que vem acabando com todo o legado construído, não apenas por Galiotte, mas também por Paulo Nobre.

Isto se dá principalmente através da gestão financeira. Leila Pereira, que é presidente de uma grande empresa de crédito que atua no mercado financeiro, administra o Palmeiras como se o clube também fosse uma empresa do mercado financeiro e ignora o fato do Palmeiras ser na verdade uma sociedade esportiva que tem no futebol o seu carro-chefe e o motivo da sua existência.

Embora atualmente a Sociedade Esportiva Palmeiras esteja presente nas mais variadas modalidades esportivas, foi o futebol que motivou a sua fundação e é o que contribui para a sua existência até hoje.

Reconheço a necessidade de equilíbrio financeiro, até porque é fácil constatar o que o desequilíbrio financeiro faz com um clube de futebol, basta observar o que vem acontecendo em alguns dos maiores clubes do país. O problema é quando a busca do equilíbrio financeiro se torna uma obsessão que ignora até mesmo as necessidades básicas da atividade mais importante do Palmeiras, que é o futebol.

Não é possível equilibrar as contas sem contar com as premiações vindas das conquistas de títulos no futebol. E para que tais conquistas ocorram é necessário que o time faça investimentos em bons jogadores, que sejam capazes de vestir a nossa camisa e apresentar resultados dentro de campo, dando o retorno esportivo que necessitamos para ter o retorno financeiro almejado.

Sei que muitos argumentarão que a gestão de Leila Pereira foi responsável por várias contratações, que inclusive custaram muito caro ao Palmeiras. É verdade que tais contratações ocorreram, mas em vez de fortalecer o plantel alviverde e auxiliar na conquista dos títulos necessários ao nosso equilíbrio financeiro, se tornaram a prova da incompetência da atual diretoria no mercado da bola. Gastou-se muito dinheiro, e se gastou mal. O atual momento do Palmeiras é a prova que os investimentos feitos foram equivocados e ficaram longe de ajudar na obtenção dos resultados esportivos necessários.

Não podemos nos esquecer que o Palmeiras se tornou competitivo e campeão ao ponto de competir em três grandes competições ao mesmo tempo. Mas quer competir em três competições de grande porte, contra os principais times do país e do continente, com um elenco curto, que já atingiu o seu ápice e não foi reforçado como deveria.

Muitas decisões tomadas pela nossa diretoria mostram que a nossa diretoria é amadora e não possui a experiência profissional necessária para administrar o Palmeiras como uma grande e vencedora sociedade esportiva merece.

É estranho que Leila Pereira, que se diz tão preocupada com as finanças do Palmeiras, não tenha aumentado o valor do patrocínio das suas empresas ao clube, que está inalterado desde 2019. E também acho estranho que ela insista em cobrar uma dívida com o Palmeiras, que poderia muito bem ser abatida de outras maneiras, sem ônus para o clube.

Não dá pra não pensar que a obsessão de Leila Pereira pelo equilíbrio financeiro do Palmeiras se dê mais para garantir interesses próprios do que para se atingir a plena saúde financeira do clube.

Vale destacar que a principal contratação feita em 2023, que foi a contratação do Artur, não nos ajudou a evitar a derrota e eliminação da Copa do Brasil por ter sido feita tarde demais. Embora o jogador esteja apresentando bom desempenho dentro de campo, ele não pôde defender o Palmeiras nesta edição da Copa do Brasil por já ter defendido o Red Bull Bragantino nesta mesma edição da competição.

A eliminação na Copa do Brasil nos impediu de receber a premiação pela classificação para as semifinais, o que nos garantiria R$ 9 milhões de reais.

Leila Pereira persegue o equilíbrio das contas do Palmeiras com medidas como o aumento abusivo dos ingressos cobrados dos torcedores. Com a eliminação da Copa do Brasil, as chances remotas de conquista do Brasileirão e da Libertadores, será que Leila Pereira conseguirá manter a sua política de preços de ingressos? Será que a torcida manterá o interesse em lotar o Allianz Parque para assistir a jogos que não valem nada?

O atual nível de desempenho dos nossos jogadores me leva ao ceticismo quanto à possibilidade da conquista da Copa Libertadores. O Campeonato Brasileiro está distante demais para que possamos acreditar em um bicampeonato. É provável que encerremos a temporada 2023 sem nenhum título relevante.

E se não vierem reforços de peso, veremos o bom momento do Palmeiras, que perdura por anos, terminar de forma melancólica, com o elenco multicampeão em frangalhos, moído até sobrar apenas o bagaço dos jogadores. E com um dos melhores técnicos em atividade no país impedido de mostrar todo o seu potencial por não ter à sua disposição os jogadores que precisa para tal.

E quem é responsável por esta situação? Ela mesma, a presidente Leila Pereira.

Com um ego gigante, ela parece não entender que o Palmeiras é muito maior que ela. Ela afirma em coletivas que o clube é maior que todos, mas as suas atitudes contrariam as suas palavras.

Ela afirma investir muito no Palmeiras, mas sabemos que ela poderia investir muito mais e que o valor defasado do seu patrocínio está muito abaixo do crescimento que a associação à marca Palmeiras proporcionou às suas empresas e ao seu patrimônio pessoal.

Ela afirma que não vive do futebol, que é uma empresária. E este é o problema! O presidente de um clube de futebol precisa viver o futebol e respirar futebol. Precisa sentir na própria pele o que os demais torcedores sentem. Precisa se alegrar de corpo e alma com as vitórias e sentir a tristeza das derrotas no fundo do seu coração. Isto fara o dirigente sempre colocar o clube em primeiro lugar ao tomar as suas decisões.

O fato dela não conhecer a fundo as peculiaridades da gestão e as necessidades de um clube de futebol poderia ser driblado através da contratação de bons profissionais, que lhe dariam a assessoria necessária para que pudesse exercer a sua gestão com êxito. Ao invés disso, preferiu manter Anderson Barros no cargo, um diretor que já se mostrou incompetente no mercado da bola e que parece só ser bom na gestão interna do elenco e em mais nada.

Leila poderia ter mantido Barros no cargo pelo tempo necessário para que pudesse substituí-lo por alguém mais competente. Porém, mesmo sendo um profissional medíocre, Barros mostrou uma passividade que certamente agradou a dirigente, pois ele jamais a confrontará, contrariará ou questionará suas decisões.

Tanto Abel Ferreira como Anderson Barros já afirmaram que o Palmeiras tem um planejamento. Abel Ferreira chegou a afirmar que o clube seguiria o planejamento independente do que acontecesse. Pelo visto tal planejamento não contempla as necessárias contratações e sem elas a temporada 2023 pode ser considerada encerrada para nós.

Será que veremos uma debandada dos sócios Avanti? Será que a presidente previu no tal planejamento uma queda no número de sócios torcedores e de torcedores no Allianz Parque? Creio que a situação financeira do Palmeiras poderá piorar por conta da omissão da diretoria em relação ao que mantém o clube funcionando de forma saudável financeiramente.

Só uma reviravolta pode tirar o Palmeiras da situação lamentável em que se encontra. De nada adianta um balanço positivo se não conseguirmos conquistar em campo aquilo que todo clube almeja. E os títulos do passado, embora enriqueçam a nossa história, não ajudarão a bancar os salários dos atuais jogadores e nem ajudarão a custear toda a estrutura que o Palmeiras tem hoje.

Leila Pereira tem trabalhado muito para ser, além da primeira mulher a ser presidente do Palmeiras, a grande responsável pelo fim do bom momento que o Palmeiras viveu nos últimos anos. Pelo jeito, é assim que ela será lembrada na posteridade. O ego é tão grande que não permite a ela enxergar a situação vexatória que ficará para sempre associada ao seu nome.

E ainda dizem que vivemos a Terceira Academia. Desfrutem, enquanto podem.

 


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