Lei Abel Ferreira? Ah, fala sério!

 


Em um artigo publicado pelo portal UOL na manhã desta terça-feira (13), o jornalista esportivo Milton Neves sugere que a área técnica existente na beira dos gramados dos campos de futebol seja removida já que, na opinião do autor, as áreas designadas para as comissões técnicas não estariam sendo utilizadas de maneira adequada pelos técnicos das equipes de futebol.

Ainda segundo o artigo, a tal “Lei Abel Ferreira”, ou seja lá qual o treinador que venha nomeá-la, não apenas acabaria com as áreas técnicas como ainda passaria a punir com cartão vermelho o treinador que saísse do banco de reservas para interagir com os jogadores em campo. A ideia é que somente os jogadores que entrarão nas substituições possam ser instruídos pelos técnicos à beira de campo, com as demais orientações e modificações sendo feitas nos vestiários durante o intervalo das partidas.

Embora Milton Neves deixe claro em seu texto que o problema não envolve apenas Abel Ferreira, é óbvio que tal ideia absurda só veio à tona devido à enorme repercussão que o incidente envolvendo o nosso treinador e Jonathan Calleri, que se estranharam durante o Choque-Rei realizado no Morumbi no último domingo (11), gerou na imprensa.

Eu realmente não pretendia escrever nada a respeito desse assunto, justamente porque eu não queria jogar mais lenha nessa fogueira, que a meu ver atingiu um patamar de importância totalmente desproporcional e está sendo usado como cortina de fumaça por jornalistas que perderam relevância para impedir que temas realmente relevantes sejam debatidos, e para que problemas reais não sejam apontados e corrigidos. E aqui nem estou me referindo ao Milton Neves, que tem o direito de expressar as suas ideias por mais que neste caso eu discorde veementemente da sua proposta.

Ao contrário do que afirma o autor do artigo citado, as áreas técnicas são muito bem utilizadas pelos treinadores, inclusive por Abel Ferreira. Além de passar instruções para os nossos jogadores, Abel Ferreira também utiliza a área técnica para defender os nossos interesses junto a uma arbitragem cuja atuação já se mostrou tendenciosa, amadora e manipuladora.

Ao invés de, por exemplo, propor melhorias na arbitragem, muitos preferem calar aqueles que apontam os problemas e Abel Ferreira certamente não é o único treinador a se queixar da atuação dos árbitros, e nem é o único a enxergar os problemas do nosso futebol. Talvez seja o único que exponha os problemas de forma tão veemente. E algumas pessoas parecem enciumadas por não serem elas a terem o protagonismo nesta situação e buscam a todo custo atrair as atenções para si.

É assim que a nossa sociedade vem resolvendo os seus problemas: calando aqueles que os apontam. Mascarando os problemas ou escondendo-os sob cortinas de fumaça fabricadas para desviar a atenção das pessoas.

Nenhuma pessoa sensata pode ser a favor de uma “Lei” como a proposta pelo jornalista. Pessoas com caráter e bom senso certamente optariam por discutir os problemas e buscar soluções verdadeiras, que de fato ataquem os problemas e os solucionem, ao invés de fazer um teatrinho midiático que em nada ajuda na solução dos problemas.

Há muito que se melhorar no nosso futebol. E tenho certeza que Abel Ferreira incomoda a tantos justamente porque ele aponta os erros, ele coloca o dedo na ferida e isso dói em muitos.

A questão é que há tanta mediocridade na nossa sociedade, que as pessoas ao invés de se tornarem protagonistas nas buscas por soluções de problemas, preferem assumir o papel de “defensoras da moral, da ética e dos bons costumes”, criticando posturas como as de Abel Ferreira, quando elas próprias, ao defenderem suas “ideias”, agem pior que o treinador que tanto criticam.

Se olhem no espelho! Será tão difícil perceber como vocês são patéticos e só passam vergonha? Ou será que vocês gostam do papel ridículo que fazem e se regozijam com o apoio de outros medíocres como vocês?

Registro todo o meu respeito ao Milton Neves e ao seu trabalho, e esclareço que este texto é uma resposta ao questionamento feito pelo próprio Milton em seu artigo.

Não, Milton. Eu não acho que a sua ideia seja boa. Ao contrário, é uma ideia autoritária, que cercearia a liberdade de atuação das comissões técnicas, fazendo com que o nosso futebol regrida ao invés de progredir e nos colocaria numa posição ainda mais inferior quando comparados com outros países.

Tirar do treinador o espaço e o direito de se manifestar durante uma partida de futebol apenas porque você não concorda com a maneira como ele usa o seu espaço ou se expressa, é o mesmo que proibir um jornalista de fazer a sua análise ou emitir a sua opinião sob o pretexto do profissional não saber se expressar ou fazê-lo de forma inadequada segundo as opiniões de alguns.

O que quero dizer é que as liberdades de atuação e de comunicação de um treinador profissional de futebol não devem ser ceceadas simplesmente porque as suas maneiras não se enquadram naquilo que alguns consideram correto. Abel passa dos limites? Para alguns sim, para outros não. Quem são os donos da verdade?

Acredito que este tipo de situação envolvendo a atuação dos treinadores na beira do gramado começará a ser resolvida quando as pessoas passarem a dar ouvidos às  queixas e reclamações dos profissionais do futebol, pois muitas não são infundadas.

Vamos melhorar o futebol e evitar novas cenas desagradáveis na beira do campo? Então vamos focar no que realmente importa e parar de chilique, pois o chilique dos jornalistas é muito pior e muito mais desagradável que qualquer reclamação exacerbada de Abel Ferreira.

Pelo menos no caso dele, ele reclama na hora em que o problema ocorre, volta ao tema no máximo durante a coletiva de imprensa e depois se cala. Já os jornalistas, talvez por falta de coisa melhor pra fazer, reverberam o mesmo assunto por dias a fio, como se não houvesse nada mais importante pra ser tratado.

Já chega disso!



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