Anderson Barros, o melhor diretor de futebol do Brasil?
Há alguns dias a presidente do
Palmeiras, Leila Pereira, enalteceu o trabalho do diretor de Futebol, Anderson
Barros, durante entrevista concedida a um portal da internet. Nas palavras da
presidente: "Para mim é um dos melhores. Eu vou ser extremamente
honesta, o maior diretor de futebol do Brasil. Estou falando diariamente com
ele e o grande sucesso também passa por ele. Também não seria correta se eu
falasse só do Abel. É um trabalho de todo mundo. O Anderson é um dos pilares do
nosso trabalho vitorioso e responsável."
Para nós, torcedores alviverdes, tal
declaração pode parecer exagerada já que há muitas críticas em relação ao
trabalho realizado por Anderson Barros, principalmente no que diz respeito às
contratações de reforços.
Porém, para que possamos avaliar de
forma justa o trabalho realizado por Anderson Barros, antes de mais nada
precisamos saber quais são as atribuições dele. Então vem a pergunta: o que faz
um diretor de futebol?
Em termos gerais, um diretor de
futebol comanda uma equipe dedicada a proporcionar os meios para que um time de
futebol possa atuar de forma a ser competitivo e vencedor. Essa competitividade é
necessária não apenas para que possa conquistar títulos dentro de campo mas
também para gerar retorno financeiro, através dos patrocínios e contratos de
publicidade.
Além disso, cabe ao diretor de
futebol o desafio de profissionalizar uma atividade esportiva que muitas vezes
não é tratada com a seriedade devida, principalmente no Brasil.
Sendo assim, podemos concluir que, de
forma geral, um diretor de futebol deve comandar uma equipe formada por
profissionais gabaritados para:
· Gerenciar o
elenco;
· Fazer análises
de mercado e buscar oportunidades de negócios;
· Gerenciar os
custos e as receitas do departamento de futebol;
· Cuidar de
contratações, vendas e questões contratuais;
· Cuidar dos
aspectos práticos que envolvam a rotina de preparação dos jogadores, incluindo
questões de saúde;
· Providenciar e
cuidar da estrutura física necessária para o treino e aprimoramento do plantel.
· Cuidar das
providências necessárias para as viagens do elenco;
· Manter contato
com outros diretores de futebol e dirigentes de entidades ligadas ao esporte;
Até aqui vimos as principais
atribuições que cabem a uma equipe liderada por um diretor de futebol. É claro
que não se pode esperar que ele assuma sozinho todas estas funções. Porém, em
alguns clubes, pode acontecer de algumas destas tarefas serem de
responsabilidade do próprio diretor de futebol, principalmente em times menores
e que tenham poucas condições financeiras para manter uma grande equipe de
profissionais. Mas cada clube define quais as atribuições do seu diretor de
futebol.
Cada profissional da equipe do
departamento de futebol deve ter o conhecimento e expertise necessários para
exercer a sua função e cabe ao diretor de futebol escolhê-los, gerenciá-los e
cobrar-lhes resultados.
O diretor de futebol também precisa
ter conhecimento e experiência para que possa comandar o departamento e seus
profissionais com sabedoria. Além disso, é esperado que um diretor de futebol
tenha como características e habilidades:
· Capacidade de
liderança;
· Habilidade
gerencial;
· Dinamismo;
· Comprometimento
e lealdade para com o clube;
· Boa formação
acadêmica;
· Conhecimento das
regras e da legislação que regem o futebol profissional;
· Conhecimento de
outros idiomas, preferencialmente o inglês e o espanhol;
Até aqui apresentei de forma geral
quais as atribuições que normalmente são dadas a um dirigente de futebol e
quais características e habilidades são esperadas de quem exerce ou se
candidata a exercer esta função.
No caso de Anderson Barros, o nosso
atual diretor de futebol chegou no Palmeiras em dezembro de 2019, sucedendo a
Alexandre Mattos. Ambos são profissionais com características e comportamentos
distintos.
Anderson Barros é formado em Educação
Física, com pós-graduação em Administração Esportiva e também é bacharel em
Direito. Atua no futebol há mais de vinte anos e sua primeira atuação como
diretor de futebol foi em 2004, quando atuou no Flamengo. Depois disso atuou no
Figueirense (SC), Vitória (ES), Bahia, Coritiba, Vasco e teve duas passagens pelo
Botafogo, time onde atuou antes de vir para o Palmeiras.
Títulos conquistados com esses
clubes:
· Campeonato
Carioca 2004 (Flamengo);
· Campeonato
Catarinense 2006 e 2008 (Figueirense);
· Campeonato
Carioca 2010 (Botafogo);
Além desses títulos, Anderson Barros
atuou na gestão que levou o Figueirense à final da Copa do Brasil de 2007 e
também na gestão que levou o Vasco a se classificar para a Libertadores em
2017.
Vale lembrar que Anderson Barros
trabalhou com times que sofriam de graves desarranjos orçamentários e
desestruturação interna, e mesmo assim conseguiu obter êxitos. Não é exagero
afirmar que o Palmeiras foi a equipe mais bem preparada, estruturada e
financeiramente organizada que ele dirigiu até o momento.
Agora que todas essas informações
foram apresentadas, podemos tentar responder à questão original: Anderson
Barros é o melhor diretor de futebol do Brasil?
Como sempre, serei sincero na minha
opinião: sem querer ofender, Anderson Barros me parece um engenheiro de obra
pronta. Não foi ele o responsável pela estruturação do nosso futebol
profissional e nem o responsável pela contratação da maioria dos jogadores que
compõem a espinha dorsal do nosso time vencedor.
Me parece que a grande função de
Anderson Barros é manter a estrutura criada e não trazer despesas
desnecessárias que possam desequilibrar as finanças do Palmeiras. Vale lembrar
que, como diretor de futebol, ele não é responsável pelas finanças do clube e
sua atuação depende muito dos recursos que o Palmeiras coloca à sua disposição.
Acredito que Leila Pereira considera
Anderson Barros como o melhor diretor de futebol do Brasil porque ele não lhe
causa problemas e nem dores de cabeça. O perfil discreto de Anderson Barros fez
com que ele fosse o homem certo no lugar certo para Leila Pereira, pois ele me
parece ser o tipo de profissional que segue à risca o que for determinado por
seus superiores, no caso a presidente, e não faz cobranças. Ele parece ser do
tipo que expões os problemas mas não cobra ou pressiona por soluções.
A meu ver a sua atuação deixa a
desejar em alguns pontos, como na comunicação com entidades do futebol para
defender interesses do clube. Como Abel Ferreira afirmou em uma coletiva
recente, tudo é feito por e-mail, o que mostra a postura pouco ou nada
agressiva na defesa dos interesses do Palmeiras.
Além disso há a clara inabilidade em
negociações de compra e venda de atletas e a aparente falta de contatos
profissionais com outros dirigentes e com empresários do ramo do futebol, algo
imprescindível para um bom diretor de futebol.
Sendo assim, concluo que Anderson
Barros tem uma boa formação acadêmica mas possuía um currículo profissional um
tanto pobre até chegar no Palmeiras. Perfil discreto com pouca experiência no
comando de um time do porte do Palmeiras pode ser uma fonte de problemas. Não
tenho conhecimento de bastidores para fazer afirmações categóricas mas uma
coisa é certa: aquele que ocupar o cargo de diretor de futebol do Palmeiras
deve fazê-lo ciente do gigantismo do clube e também das suas necessidades para
permanecer no patamar em que se encontra.
Acho que a pergunta correta é:
Anderson Barros é o homem certo pra esta função? Acho que não. Mas ao que
parece, no que depender de Leila Pereira, a resposta é sim.
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