Analisando a Coletiva Pós-Jogo #9
Analisando a Coletiva Pós-Jogo #9
Corinthians x Palmeiras – Paulistão 2023
O Palmeiras
foi à Neo Química Arena na última quinta-feira (16) para enfrentar o
Corinthians em partida válida pela 9ª rodada do Campeonato Paulista.
Após o empate em 2x2 no Derby, nosso terceiro clássico da temporada, o
Professor Abel Ferreira concedeu a tradicional coletiva aos jornalistas
presentes.
Antes da
análise da coletiva em si, gostaria de pedir desculpas a todos pelo atraso na publicação
desta análise. Uma manutenção necessária em meu computador me deixou
impossibilitado de atualizar o blog. Agradeço a compreensão de todos!
Também
gostaria de registrar a minha indignação com a falta de estrutura para as
coletivas. Toda coletiva tem algum tipo de problema técnico, seja com áudio,
seja com o próprio local para a entrevista. Creio que no ano de 2023 e com toda
a tecnologia que temos disponível é inconcebível que as equipes não sejam
capazes de proporcionar o mínimo necessário para uma coletiva decente.
Começando
com a análise da coletiva, a primeira pergunta foi sobre se esta partida
pertencia mais aos jogadores do que a média das partidas e se em jogos assim o
técnico pode fazer algo sobre a aleatoriedade e as circunstâncias do jogo.
Em sua
resposta o Professor Abel Ferreira disse que todos os jogos pertencem aos
jogadores, que foi uma boa partida e que apesar da chuva intensa os times
jogaram bem. Reconheceu que a atmosfera do estádio influenciou mas que o nosso
time soube manter a calma e propor o jogo mesmo depois do adversário abrir o
placar.
Creio que o
trabalho do técnico acontece mais antes do jogo do que durante a partida.
Depois que o árbitro apita, são os jogadores que decidem e o técnico pouco pode
fazer além de orientar e incentivar, e mesmo assim cabe aos jogadores reagir a
estas orientações e incentivos. Por melhor que seja o técnico, dentro de campo
obviamente são os jogadores que mostram serviço.
A pergunta
seguinte foi bastante interessante, pois o jornalista tocou num ponto que todos
nós palmeirenses percebemos há tempos: a queda de rendimento do time depois das
substituições.
Abel
Ferreira explicou que em jogos com essa intensidade é difícil para qualquer
jogador que entre com a partida em andamento acompanhar de imediato o ritmo dos
companheiros e adversários dentro de campo.
Concordo
que não é tarefa fácil, afinal estamos falando de jogadores que estão “frios”
em relação aos que já estão atuando dentro de campo. É necessário um tempo para
que o jogador recém integrado à partida desenvolva o próprio ritmo para se
igualar ao ritmo dos demais. O problema é que no caso dos nossos reservas não
se trata apenas de uma questão de ritmo de jogo, mas de qualidade técnica.
Jogadores como Jailson, por exemplo, podem ficar duas semanas tentando que não
conseguirão acompanhar o ritmo dos demais e isso ocorre por deficiência técnica
e não necessariamente por questões físicas.
E aqui vem
um ponto polêmico: prosseguindo na sua resposta, o Professor citou os erros
cometidos pelo Giovani, que entrou já no final da segunda etapa, como exemplos
dessa dificuldade em entrar e já conseguir acompanhar o ritmo da partida.
Entendo que
o Professor quisesse usar um exemplo para ilustrar a sua resposta, mas creio
que a escolha pelos erros do Giovani para essa ilustração foi infeliz. Ele
poderia ter apenas explicado a respeito da dificuldade de se adquirir ritmo de
jogo, principalmente em partidas intensas como foi o Derby, sem expor a nossa
Cria.
Destaco
aqui o fato de o Giovani ter cometido erros justamente porque estava tentando
construir jogadas e aproveitar oportunidades. Se o Professor sabia que é
difícil para um jogador que entra acompanhar o ritmo de um jogo tão intenso,
por que demorou tanto para colocar o Giovani, que só entrou depois dos quarenta
minutos do segundo tempo?
Além disso,
por mais erros que outros jogadores cometam, não vemos o Professor citando
estes jogadores de forma negativa em coletivas. Sempre que cita os nossos
jogadores individualmente é para ilustrar situações positivas. Sempre que citou
jogadores individualmente de forma negativa, ele acabou citando os jovens, como
fez anteriormente com o Wesley. Vale lembrar que o próprio Abel afirmou mais de
uma vez em coletivas recentes que não gosta de citar jogadores individualmente
e foi dele, e não do jornalista, a iniciativa de citar Giovani.
Apesar de
ele ter dito na mesma resposta que prefere que os jogadores entrem em campo e dêem
tudo de si, achei que a resposta foi infeliz por expor o Giovani de forma
desnecessária.
Na pergunta
seguinte o Professor foi questionado se esta partida exigiu o mesmo nível de
preparação física, técnica e mental que a partida da final da Supercopa do
Brasil contra o Flamengo.
Em sua
resposta Abel Ferreira destacou que a preparação física e mental foi a mesma,
pelo fato de ser um clássico e pelo fato do gramado exigir fisicamente mais dos
atletas, principalmente pelo fato de estar molhado pela chuva. Ele também
apontou que times como o Palmeiras, o Corinthians e o Flamengo, são times que
brigam por títulos e que isso faz com que as partidas entre essas equipes sejam
intensas e exijam mais dos atletas.
Nosso
treinador também afirmou que no final nosso time cometeu erros por não ter a
calma necessária para fazer passes e transições com a qualidade desejada e que
isso nos impediu de chegar ao terceiro gol e à vitória.
Achei
interessante que na resposta o Professor citou a preparação física e mental e
não mencionou a questão técnica. Eu entendo que um clássico deste porte exija
mesmo uma preparação física mais intensa. A preparação mental é compreensível
não apenas para que haja obediência tática mas também para que se possa jogar
em um estádio com torcida única e adversária.
Mas e a
questão técnica? Será que foi apenas um lapso, já que ele estava visivelmente
exausto e até tinha dificuldades com o próprio raciocínio ao formular as
respostas? Ou será que ele considera que nossos jogadores não precisem de
aprimoramento técnico? Prefiro creditar essa resposta ao cansaço do nosso
treinador. Até porque sabemos bem que há jogadores no nosso elenco que são
tecnicamente limitados e que talvez não consigam apresentar qualidade melhor
mesmo com todo o treino do mundo!
A questão
seguinte foi sobre o fato de o Palmeiras ter vencido muitos jogos fora de casa
e também sobre o nosso ataque, que começou a partida com o Endrick centralizado
e o Rony na ponta, depois Rony e Dudu trocaram de lado e por fim Rony e Endrick
também trocaram de posição, com Endrick indo para a ponta e Rony passando a
jogar centralizado. Seria essa a nova tendência do nosso ataque?
Abel
Ferreira começou a sua resposta dizendo que se o time vence o técnico acertou e
está tudo bem, mas que se o time perde, aí é professor pardal porque inventou.
Em seguida lembrou que nosso elenco possui jogadores que são capazes de jogar
em diferentes posições e que isso é útil para que o elenco seja enxuto e com todos
os jogadores sempre preparados para dar tudo de si dentro de campo e aproveitar
as oportunidades que surgirem durante as partidas. Explicou também que tudo o
que o técnico faz tem um propósito, que muitas vezes é treinado durante a
preparação para a disputa, mas que nem todos sabem ou compreendem.
Lembrou
ainda que o fato do Palmeiras ser um time reconhecidamente forte fora de casa
faz com que as outras equipes sejam mais intensas e mais agressivas ao nos
enfrentar e que precisamos estar sempre prontos para este tipo de situação.
Afirmou que não podemos ganhar tudo e que também somos suscetíveis à derrota.
Essa
resposta é semelhante a outras que Abel Ferreira deu em coletivas anteriores e
portanto não há o que comentar sobre o que foi dito.
A pergunta
seguinte foi sobre o que o Corinthians fez de diferente para conseguir atacar
tanto o Palmeiras. Na sua resposta o Professor reforçou que o primeiro gol
ocorreu mais por demérito nosso do que por mérito do adversário, mas que isso
não quer dizer que o Corinthians tenha jogado mal, já que é uma equipe forte,
principalmente quando joga em casa com a sua torcida.
O Professor
reforçou que em jogos dessa importância não podem ocorrer erros. Nós cometemos
erros que foram explorados pelos adversários e isso não significa que eles não
tenham trabalhado e se esforçado para nos superar. Nas palavras do nosso
treinador, a partida foi equilibrada.
Achei
interessante ele ter mencionado que a nossa dupla de meio campo foi mudada
durante a partida. Embora ele tenha afirmado que tal mudança não alterou a
dinâmica da partida, eu humildemente discordo do Professor, pois houve uma
clara mudança na qualidade do nosso time depois que essas mudanças foram
feitas, como até mesmo um jornalista reconheceu numa pergunta anterior.
A próxima
pergunta foi a que teve uma resposta que causou muita repercussão nas redes
sociais. Um jornalista afirmou que o Palmeiras sofreu um gol muito cedo e que
geralmente isso causa problemas táticos para a maioria das equipes mas o
Palmeiras se manteve firme e não se intimidou com o gol do adversário.
Prosseguindo na pergunta, veio a parte cuja resposta causou polêmica: o Palmeiras
teve dificuldade em encaixar uma marcação em Renato Augusto, já que na visão do
jornalista, ele transitava com a bola com muita facilidade pelo campo?
Abel
Ferreira respondeu dizendo que o Renato Augusto é um jogador que possui muita
liberdade dentro de campo, podendo atuar ora pela direita, ora pela esquerda ou
até pelo meio e que isso tem o lado bom e o lado ruim.
O lado bom
é que ele pode ajudar o time a construir jogadas de diferentes formas e em
diferentes pontos do campo e isso desequilibra taticamente o adversário. O lado
ruim é que quando o time dele perde a bola, ele não está no local onde deveria
estar e isso atrapalha a recomposição defensiva, abrindo espaços que fatalmente
serão explorados.
O Professor
afirmou que o fato de jogadores como Renato Augusto, Roger Guedes, Adson e Yuri
Alberto terem muita mobilidade dentro de campo faz com que a marcação individual
seja muito difícil de ser feita e que por isso nessa partida o Verdão foi
organizado para defender espaços. Assim os defensores defenderiam o seu espaço
independentemente do jogador adversário que estivesse ali.
Francamente
não entendi o porquê de tanta discussão em cima dessa resposta. Quando li os
comentários fiquei com a impressão que Abel Ferreira tinha criticado o jogador,
mas tudo o que ele fez foi descrever a atuação tática do jogador e como nós
trabalhamos para tentar neutralizá-lo dentro de campo. O Professor ainda
ressaltou que nem sempre fomos eficientes nas tentativas de neutralizar Renato
Augusto e outros jogadores adversários, e que essas falhas resultaram em
jogadas que obrigaram Weverton a fazer grandes defesas.
A última
pergunta feita também foi muito interessante, pois o jornalista questionou Abel
Ferreira sobre como ele, pessoalmente, encara um clássico como o Derby. Achei
interessante porque em clássicos passados o nosso treinador foi muito criticado
por dar a entender que não compreendia a importância que clássicos contra o São
Paulo ou o próprio Corinthians tem para nós.
Em sua
resposta Abel Ferreira enfatizou que gosta de vencer todos os jogos que disputa
e o quanto gosta de jogar em estádios cheios, de preferência com ambas as
torcidas presentes. Lembrou como foi o jogo contra o Flamengo pela Supercopa do
Brasil, com as duas torcidas presentes no estádio, que ficou metade verde e
metade vermelho.
Falou sobre
jogar com a nossa casa cheia e que por mais que a torcida ajude, ela não joga.
E que é necessário saber lidar com essa atmosfera nos estádios e que foi isso o
que procuramos fazer em Itaquera. Ao final elogiou o Corinthians, afirmando ser
uma equipe tão qualificada quanto a nossa e que joga em casa com uma torcida
tão intensa quanto a nossa.
E concluiu
afirmando que gosta de jogar contra adversários que nos desafiem, pois só nos
tornaremos melhores se jogarmos contra os melhores.
O Professor
Abel Ferreira já tinha afirmado isso anteriormente e sua competitividade já é
conhecida por todos. Mas sua resposta deixa claro, pelo menos pra mim, que ele
enxerga todos os jogos da mesma maneira, como oportunidades para jogar e
vencer. A mim parece que ele vê tudo de forma muito racional e não com a mesma
passionalidade que nós.
Fica a
impressão que a competitividade o impede de enxergar além do simples jogo. Num
Derby ou num Choque-Rei nós palmeirenses enxergamos muito mais que apenas mais
uma partida contra um rival. Há muitas questões envolvidas, até mesmo questões
históricas como ocorre nos jogos contra o São Paulo. Posso estar errado, mas
acredito que ele ainda não entendeu alguns aspectos que envolvem os clássicos.
Ou pelo menos ele não deixa transparecer da mesma forma que nós torcedores.
Encerro
aqui mais uma análise de coletiva e agradeço a todos os amigos leitores que têm
acompanhado o meu trabalho! Muito obrigado a todos e até a próxima análise, que
deverá ser a da coletiva pós-jogo Palmeiras x Red Bull Bragantino na próxima
quarta-feira (22).
Até lá e #AvantiPalestra!
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