Analisando a Coletiva Pós-Jogo #7

 


Analisando a Coletiva Pós-Jogo #7

Palmeiras x Inter de Limeira - Paulistão 2023

 

O Palmeiras recebeu ontem (9) a equipe do Inter de Limeira no Allianz Parque para partida válida pela sétima rodada da fase de grupos do Paulistão. Após o término da partida, com a nossa vitória por 2x0, o Professor Abel Ferreira concedeu a tradicional coletiva aos jornalistas e repórteres presentes.

A primeira questão foi sobre o rearranjo que vem sendo feito no nosso meio-campo, com o Zé Rafael sendo adaptado para exercer a função de um camisa cinco. O repórter que fez a questão lembrou que o Trem jogava no Bahia como um camisa 10, veio para o Verdão como um camisa 8 e agora passa a atuar como um cinco.

Antes de comentar a resposta do Abel, gostaria de registrar que a evolução do Zé Rafael nessa posição é nítida, como vem sendo comentado por vários jornalistas e analistas esportivos. Eu acho que esse novo posicionamento do Zé está ajudando ao Gabriel Menino, fazendo com que o nosso meio de campo ganhe novo vigor sob essa nova configuração.

Em sua resposta o Professor Abel Ferreira enfatizou a importância dos jogadores terem a mente aberta para as necessidades da equipe, se permitindo mudar de posição dentro de campo conforme necessário. O Professor lembrou que a dupla Zé-Danilo funcionava de uma maneira que não é mais possível com a configuração atual. Com isso Abel Ferreira está mudando as peças de lugar conforme as características dos jogadores para melhor aproveitá-los ao mesmo tempo que busca suprir nossas necessidades táticas. Parece que está sendo bem sucedido, o que não significa que não precisemos de reforços.

Na pergunta seguinte o Professor foi questionado acerca da mudança na maneira como alguns jogadores são posicionados nas laterais e nas pontas, em especial do lado direito, como isso afeta a dinâmica ofensiva e a interação com o meio-campo, já que antes o Professor preferia usar meias construtores, como Gabriel Menino e Scarpa, e agora está mudando para atacantes de ofício como Rony e Giovani.

Em sua resposta o Professor lembrou que organiza o time em função das características dos jogadores que temos. Além disso, afirmou preferir jogar com os pontas mais abertos para interferir na recomposição da defesa adversária, permitindo que se ataque linhas de quatro ou cinco ao invés de linhas de seis. Abel reiterou que estamos a procura de um ponta devido à saída do Wesley mas que temos vários jogadores capazes de jogar nessa posição, fazendo com que o time tenha flexibilidade e o clube possa ter um elenco mais curto.

Achei interessante que o Professor tenha afirmado que estamos à procura de um ponta, porque parece que o assunto contratação sumiu das últimas coletivas, principalmente depois daquela na qual o Professor afirmou categoricamente que precisamos de reforços e que sejam jogadores prontos.

Outro ponto que me chamou a atenção é o fato do Professor afirmar que ter jogadores versáteis em campo facilita o trabalho com um elenco curto. Sabemos bem os problemas que ter um elenco curto pode acarretar. Devido à política de contratação do Palmeiras, Abel Ferreira não tem outra opção senão trabalhar com o que tem. Mas me preocupa o fato de que sem Abel Ferreira dificilmente conseguiríamos bons resultados com um elenco curto. O Professor sempre diz que o Palmeiras tem um plano, espero que seja um plano que conte com ele por muitos anos ou teremos sérios problemas no futuro.

Prosseguindo em sua resposta, Abel Ferreira afirmou que nunca tínhamos dado tantas transições ao adversário como nesta partida e que esperava mais gols de ambas as equipes. Reconheceu o trabalho dos goleiros, que segundo ele fizeram bem o seu trabalho e falou sobre Marcos Rocha, dizendo que ele é um jogador inteligente, que sabe se posicionar e atuar em vários lugares diferentes no campo. Talvez esta explicação nos ajude a compreender o porquê da preferência do Professor por Marcos Rocha ao invés de Mayke.

Na pergunta seguinte Abel Ferreira foi questionado acerca do gerenciamento do elenco, sobre como ele gerencia os desejos pessoais de cada jogador de querer entrar em campo, com a fila que muitas vezes eles têm de enfrentar antes de receberem a sua oportunidade. Foi citado como exemplo o zagueiro Kuscevic, que pediu para ser negociado e recentemente foi vendido ao Coritiba.

O Professor começou sua resposta reconhecendo a qualidade de Kuscevic e afirmando que o zagueiro já tinha pedido anteriormente para ser liberado mas que o pedido não poderia ser atendido naquela ocasião e que quando surgisse nova oportunidade ele o ajudaria.

Abel enfatizou que preferia que Kuscevic permanecesse no elenco mas respeitou a vontade do jogador, que queria sair, e também respeitou o fato do clube ter enxergado uma oportunidade de ganho financeiro. Vale lembrar aqui que a negociação de Kuscevic com o Coritiba envolveu os 20% que o clube paranaense ainda detinha dos direitos sobre o passe de Raphael Veiga.

Na pergunta seguinte Abel Ferreira foi questionado acerca das atuações dos nossos laterais, Marcos Rocha e Piquerez, que costumavam sair numa linha de três mas nesta temporada têm atuado também pelo meio. Na sua resposta o Professor explicou que esta mudança reflete a diferença entre estar e aparecer: quando você está numa determinada área do campo você leva os marcadores com você, o que é diferente de aparecer de surpresa num local inesperado pelos adversários.

Nosso treinador também explicou que tanto Rocha como Piquerez devem agir de forma pré-determinada até certo ponto e que depois ambos são livres para fazer a própria leitura de jogo e decidir a melhor forma de atuação, seja pelo meio ou indo até a linha de fundo, por exemplo. O Professor enfatizou que esta postura é fruto do crescimento e amadurecimento dos dois atletas e também do restante da equipe.

As respostas dadas por Abel Ferreira nos ajudam a compreender muitas das suas decisões, porque dá chances a uns e não a outros. Precisamos estar atentos às informações que ele nos passa nessas coletivas.

Ainda nessa resposta, o Professor também afirmou que é importante que os jogadores sejam convencidos de que determinadas atitudes em certas situações podem render melhores resultados dentro de campo e que esta evolução no entendimento dos jogadores contribui para tornar o elenco ainda mais flexível.

Em seguida Abel Ferreira foi questionado sobre Gabriel Menino, se ele seria o substituto ideal do Danilo ou se há planos de ir ao mercado buscar por esse substituto. Em sua resposta o Professor deixou claro que no momento estão trabalhando para transformar o Zé Rafael num Danilo e o Gabriel Menino num Zé Rafael mas do lado oposto.

Mais uma vez Abel Ferreira citou o planejamento do clube e reafirmou que o plano será seguido. Afirmou também que conta com o trabalho do clube em relação ao planejamento e que conta também com o trabalho dos demais jogadores para apoiar Zé Rafael e Gabriel Menino em suas novas funções. Disse que ambos os jogadores têm se esforçado para se adaptar às suas novas posições e que conta também com o apoio do grupo para que Naves possa apresentar bom desempenho quando surgir oportunidade, já que passará a ocupar o lugar que era de Kuscevic na zaga uma vez que o clube não irá ao mercado em busca de zagueiros.

Eu concordo que não há necessidade de irmos ao mercado em busca de zagueiros. Afinal acabamos de perder um justamente por ser pouco utilizado. Além disso, no futuro próximo poderemos contar com o zagueiro Henri, capitão do nosso Sub-20 e campeão da Copinha deste ano, que foi emprestado ao Dallas F.C. Com 20 anos, Henri se desenvolverá muito mais ao atuar no time da MLS do que se ficasse e entrasse na fila depois do Naves.

A pergunta seguinte foi interessante, pois o jornalista citou uma situação ocorrida no jogo, na qual o Dudu evitou que a bola saísse pela lateral no campo defensivo e depois avançou com muita velocidade e tentou dar o passe pro Endrick mas foi muito forte e o goleiro Léo ficou com a bola. Na sequência Endrick teve sensibilidade e percebeu o esgotamento do Dudu por conta da arrancada no lance anterior e voltou para ajudá-lo na marcação. A pergunta foi o quanto esses pequenos detalhes podem fazer a diferença numa final ou num jogo mata-mata.

O Professor explicou que há jogadores que se perguntam "como posso me destacar?", o que mostra um espírito egoísta, o qual nosso treinador não quer no nosso elenco. E que há aqueles que perguntam "o que eu posso fazer pela equipe?", o que é um espírito coletivo. Segundo o Professor, o ideal é que cada jogador se pergunte como pode se destacar e que entenda que a melhor maneira de se destacar é fazendo o melhor pela equipe a cada jogo.

Com base nessa resposta podemos fazer uma análise rápida e perceber que certos jogadores se destacam em nosso elenco não por fazer muitos gols ou pela qualidade técnica, mas porque são úteis e dedicados no trabalho coletivo. Creio ser esse o caso do Rony.

Chamou a minha atenção a parte final da resposta, quando Abel Ferreira afirmou que o melhor exemplo do espírito dessa equipe ocorreu quando Veiga deu a bola para o Dudu bater o pênalti. Segundo o Professor, essa atitude demonstra o espírito que ele quer na equipe e enquanto os jogadores estiverem movidos por esse espírito ele estará satisfeito mesmo que erros venham a ocorrer. Mais uma vez me lembrei do Rony e seus gols perdidos.

A próxima pergunta foi sobre se haveria alguma surpresa do Palmeiras em relação a contratações antes do fechamento da janela de transferências e Abel Foi categórico ao afirmar que o momento é uma resposta aos jornalistas que afirmavam que a comissão técnica não valoriza a base do clube. Por essa resposta podemos concluir que por hora nossos reforços serão os sete garotos que foram incorporados ao elenco principal nesta temporada.

Na pergunta seguinte, Abel foi indagado como ele ajuda o Endrick a lidar com a pressão de ter que fazer gols, sendo um jovem de apenas 16 anos. Abel Ferreira, que em coletivas anteriores já tinha dito que não gosta de responder perguntas sobre jogadores, individualmente, foi curto e grosso e disse que não responderia mais perguntas sobre Endrick e que deveriam deixar o garoto em paz.

Concordo que há uma pressão exagerada e desnecessária sobre o Endrick. Eu não cobro gols do rapaz porque sei que ele, e o próprio elenco principal, estão se adaptando a novas situações. Navarro ficou nove meses sem fazer gols, por que não teríamos paciência com a nossa joia?

Além disso, creio que a própria imprensa é responsável por alimentar essa pressão desnecessária sobre o jogador. Porém, Abel Ferreira deve entender que os jornalistas estão ali para fazer as perguntas que eles quiserem, como o próprio Abel afirmou num trecho adiante da coletiva, e ele precisa respeitar isso. Se não quer falar sobre jogadores individualmente, então que dê uma resposta diplomática e saia pela tangente.

Na penúltima pergunta, Abel Ferreira foi questionado acerca da qualidade do futebol Brasileiro, levando-se em consideração que em anos recentes o Palmeiras e outros grandes clubes brasileiros foram superados no Mundial de Clubes da FIFA por times que, em teoria, não deveriam representar ameaça ao futebol nacional.

Abel fez uma longa explanação que pode ser resumida em dois tópicos: primeiro, nosso técnico explicou que enquanto nós estamos no início da temporada, ainda pegando o ritmo depois das férias, os europeus, por exemplo, estão no meio da temporada, com os times já bem treinados e preparados, o que faz uma grande diferença dentro de campo.

E o segundo tópico diz respeito à organização interna do futebol brasileiro. Abel citou como exemplo a pouca preocupação que se dá aos gramados aqui no Brasil, algo que no futebol é essencial e deveria ser uma preocupação básica dos responsáveis pelo futebol profissional. Abel não citou nesta coletiva mas eu acrescento aqui a questão da arbitragem, que ainda tem muito o que melhorar e que afeta muito a qualidade do futebol profissional brasileiro.

E para concluir, Abel foi questionado acerca da questão dos treinos, como ele lida com o nosso calendário, que não permite que se tenham treinos na quantidade ideal e quais técnicas ele desenvolveu aqui no Brasil para lidar com o pouco tempo disponível para treinos.

Abel enfatizou o quanto valoriza os treinos e reconheceu que o pouco tempo disponível entre as partidas é um problema quando se joga muitos jogos próximos uns dos outros por um longo período.

Nosso treinador explicou que o pouco tempo disponível não afeta apenas o descanso dos jogadores mas afeta também a correção dos problemas que ocorrem durante os jogos e que são detectados pelo treinador. Este tipo de situação, bastante comum no Brasil, não ocorre na Europa. A solução encontrada por Abel Ferreira foi dosar a intensidade dos treinos e, quando possível, retirar mais cedo do campo os jogadores mais importantes para poupá-los e possibilitar uma recuperação física mais rápida.

Bem amigos, mais uma vez o Professor Abel Ferreira nos trouxe informações que nos ajudam a entender algumas das suas decisões e situações do dia a dia do nosso Palmeiras. Sei que muitos torcedores não se dão o trabalho de assistir as coletivas e analisar o que é falado mas aconselho aos amigos palestrinos que adquiram este hábito e passem a absorver o que o Professor nos traz, pois eu garanto que nos ajuda a ver o Maior Campeão do Brasil com outros olhos!

Até a próxima! #AvantiPalestra!!!

 

 

 

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