Analisando a Coletiva Pós-Jogo #10
Analisando a Coletiva Pós-Jogo #10
Palmeiras x Red Bull Bragantino – Paulistão 2023
Após a
vitória por 2 a 0 sobre o Massa Bruta na última quarta-feira (22) no Allianz
Parque, na partida da 10ª rodada do
Campeonato Paulista, o Professor Abel Ferreira concedeu a tradicional coletiva
aos jornalistas presentes.
Inicialmente
gostaria de destacar o fato de a entrevista ter ocorrido depois da meia-noite
devido ao horário de início da partida, que foi às 21:35. Como o próprio Professor
chegou a afirmar, era muito tarde para o início de uma partida de futebol. Mas
vamos à análise da coletiva.
A primeira
pergunta abordou a questão dos nossos números defensivos, pois apesar do
Palmeiras ter sofrido apenas quatro gols na competição, é também um dos times
que mais sofreram finalizações. Nesta partida em particular o RB Bragantino
teve muitas finalizações mas não chegou ao gol, ao passo que o Palmeiras fez
dois gols. Após apresentar estes dados o jornalista pediu que o Professor Abel
Ferreira fizesse uma análise desses dados e perguntou se o Palmeiras continua a
se defender bem, por ter a melhor defesa da competição, e se o fato dos times
finalizarem tanto mostra que o Verdão está mais exposto do que deveria.
O Professor
começou a sua resposta dizendo que o Palmeiras possui a melhor defesa e o
melhor saldo de gols. Afirmou também que alguns consideram que é mais fácil
defender do que atacar e que ele considera que defender exige tanto do time
quanto atacar. E que para se conquistar títulos e ganhar taças tem que haver
equilíbrio entre uma boa defesa e um bom ataque. O Professor afirmou que a
equipe adversária jogou bem e reconheceu que chegaram bastante no ataque, e também
parabenizou os nossos atletas afirmando que jogaram bem depois de terem
usufruído de dois dias e meio de folga.
Na coletiva
o Professor preferiu enfatizar o aspecto positivo dos dados, que mostram o
Palmeiras como um time que ataca e defende bem. Prova disso é o fato de termos
a defesa menos vazada e o melhor saldo de gols. Porém, há o aspecto negativo
que Abel Ferreira certamente sabe mas preferiu não abordar, que diz respeito ao
aumento das finalizações contra o nosso gol, não apenas nesta partida em
particular mas também em outras partidas recentes. Está claro que a nossa
defesa, embora ainda seja muito forte, tem vulnerabilidades que não tinha e
muito provavelmente isso se deve ao nosso meio-campo que ainda está sendo
reconstruído após as saídas de Scarpa e de Danilo.
A pergunta
seguinte foi sobre a marca de 100 vitórias à frente do Palmeiras atingida por
Abel Ferreira. O jornalista lembrou que a primeira vitória de Abel Ferreira à
frente do Verdão foi contra o próprio RB Bragantino e ele pediu que o nosso treinador
falasse sobre a marca e sobre o adversário da noite.
Abel
começou a resposta afirmando que não ganha jogos e lembrou que a marca atingida
é fruto do trabalho coletivo. Falou que o nosso time segurou bem o jogo com as
cinco substituições feitas e que há treinadores que são criticados por não
fazerem substituições e que há treinadores que são criticados por fazerem
substituições.
Num gesto
pouco usual, em sua resposta Abel Ferreira elogiou individualmente os jogadores
que entraram na segunda etapa, citando nominalmente Giovani, Breno Lopes, Bruno
Tabata, Jailson e Mayke. Também mencionou que se entristece quando a nossa
torcida critica os jogadores e que entende quando esses comentários vêm de fora
pois somos o time a ser batido e contra nós todos jogam a vida.
Lembrou
mais uma vez que a marca atingida é fruto do trabalho de toda a equipe e que
ele não busca essas marcas, elas são o resultado do fato dele fazer o seu
melhor pela equipe para que em partidas contra adversários que nos atacam forte
como fez o RB Bragantino, possamos nos defender com técnica e graça como foi
feito.
Reconheço
que daqueles que entraram todos tiveram bom desempenho com exceção apenas de
Bruno Tabata, que a meu ver ainda não mostrou a que veio. Não consigo esquecer
aquela jogada na qual o Giovani driblou dois defensores e tocou a bola para o
Tabata, que estava na cara do gol e ficou sem saber o que fazer com a bola!
Achei
estranha a repentina mudança de postura do Abel, que em coletivas recentes
afirmou que não falaria dos jogadores individualmente e hoje os elogiou
citando-os nominalmente. Creio ser resultado das críticas recebidas depois que
ele mencionou as falhas do Giovani na coletiva concedida após o Derby.
A pergunta
seguinte abordou mais uma vez a questão da nossa defesa, com o repórter
perguntando por que neste ano a bola chega tanto em Weverton se comparado com a
temporada anterior, lembrando a pressão sofrida e as muitas defesas feitas pelo
nosso Paredão no Derby, na partida contra o Inter de Limeira e nesta contra o
Massa Bruta.
Abel
iniciou sua resposta afirmando que não sabia dizer o porquê, que os repórteres
são peritos em encontrar coisas negativas e que ele prefere valorizar o nosso
goleiro, que é um dos melhores do mundo, nas palavras dele. Também elogiou a
nossa linha de defesa e lembrou novamente que os times jogam a vida contra nós,
que dão tudo o que podem contra o Palmeiras. O Professor afirmou que temos o
mesmo desejo de vencer que os outros times têm e é o que tem feito a diferença.
Em minha
opinião embora a gente ainda tenha uma boa defesa e um bom ataque, com os
números comprovando isso, certamente há dois fatores que influenciam esta maior
facilidade dos adversários finalizarem ao nosso gol: a própria preparação dos
times adversários, com muitos deles contratando reforços para esta temporada; e
a saída de dois dos nossos melhores jogadores, ambos do meio-campo, ainda sem a
devida reposição e com os nossos reservas incapazes de suprirem a demanda em
campo que estas ausências trazem. Embora Zé Rafael e Gabriel Menino estejam
atuando bem, ainda não estão 100%, ou no mesmo nível em que estávamos antes.
Na pergunta
seguinte o jornalista lembrou que o Palmeiras é um dos times que menos foi
derrotado no mundo e que, apesar das mudanças no elenco e na forma de jogar,
continua competitivo mesmo enfrentando times fortes e que dão a vida contra o Palmeiras,
como foi o caso do Massa Bruta.
O Professor
iniciou a sua resposta afirmando que sequer sabia dos dados apresentados e que
prefere trabalhar no silêncio e deixar que o trabalho brilhe. Abel mais uma vez
parabenizou os nossos jogadores por ainda terem fome de ganhar e afirmou que é fácil
chegar ao topo, é difícil lá se manter e mais difícil ainda é manter o desejo
de continuar buscando por mais vitórias.
De fato, o
desejo dos nossos jogadores por mais títulos impressiona. Já houve casos de
times que chegaram ao topo e depois disso o comodismo tomou conta e em seguida
veio a decadência. Abel Ferreira demonstra saber que quando o elenco perder esse
desejo por vitórias, a boa fase do Palmeiras chegará ao fim e poderemos
enfrentar uma fase de estagnação. Felizmente ele sabe deste risco e trabalha
para evitar que venha a ocorrer. Até aqui tem sido bem sucedido nesta
empreitada.
A pergunta seguinte
foi sobre o Grupo D do Paulistão, grupo do qual o Palmeiras é líder com o time
do São Bernardo logo atrás e ainda tendo chances de passar o Verdão e fazer a
melhor campanha da primeira fase. O repórter questionou se o Professor já está
estudando o São Bernardo, provável adversário do Alviverde nas quartas de
final.
Ao
responder, o nosso treinador revelou que o formato de disputa do Paulistão foi
objeto de discussões com a Federação Paulista de Futebol e que no final os
dirigentes decidiram que o formato atual é o melhor. Dessa maneira o Palmeiras
deve enfrentar o segundo colocado do grupo, que deverá mesmo ser o São
Bernardo.
Em seguida
Abel foi questionado acerca das trocas ocorridas entre Rony e Dudu ao longo da
partida e o aparente desencaixe com o meio-campo que tais trocas causaram.
Abel respondeu
dizendo que Pedro Caixinha começou o trabalho como treinador antes dele e também
que gosta de conhecer o trabalho de outros treinadores, sejam portugueses ou
estrangeiros. Afirmou que Caixinha teve uma semana para preparar o seu time
para nos enfrentar e reconheceu que o Massa Bruta estava mais bem preparado
fisicamente do que o nosso elenco. O meio-campo deles estava com muita pegada e
muita chegada, com muitas faltas mas que foram parte a parte, com a equipe
deles melhor que a nossa. O Professor afirmou também que é sempre difícil jogar
contra equipes bem preparadas e que foram as substituições que fizeram a
diferença a nosso favor.
Concordo
que o Red Bull Bragantino fez uma boa partida, mas não minimizo a importância
que as faltas tiveram na partida como fez o Professor. A diferença de faltas
cometidas pelo Verdão e pelo Massa Bruta foi grande demais. Nesta partida os
reservas conseguiram manter a qualidade e o ritmo de jogo, e Breno Lopes fez o
gol que selou a nossa vitória. Porém não creio que possamos creditar o êxito na
partida apenas à entrada dos reservas. Pelo menos nesta partida a qualidade não
despencou depois da entrada deles.
A pergunta
seguinte saiu totalmente do escopo da partida recém encerrada. O jornalista
pediu que Abel Ferreira falasse sobre o período em que foi jornalista e se
mesmo tendo sido um deles, ainda os considera chatos.
Abel
Ferreira explicou que os jornalistas não o entendem. Falou coisas que ele já
tinha mencionado em coletivas anteriores, como por exemplo, que quer ser
avaliado como treinador e que quer preservar a sua intimidade e vida pessoal.
Também afirmou que possui as suas estratégias para lidar com os jornalistas e
que da mesma forma que os jornalistas podem perguntar e ter a opinião que
quiserem, ele também tem as suas próprias opiniões.
Nessa
resposta gostaria de destacar a parte na qual Abel criticou o fato dos jogos
serem tão tarde e lembrou que numa entrevista coletiva recente ele estava tão
cansado que sequer conseguia responder as perguntas. Concordo que o horário é
horrível pra quem assiste pela TV, mas principalmente para quem vai aos
estádios. E imaginem como esses horários impactam o descanso e a recuperação
física dos jogadores, ainda mais com o nosso calendário de jogos “insano”.
O futebol é
um esporte nacional e com sua importância deveria ser ele a ditar a grade das
emissoras de TV e não o contrário. No passado, manter os jogos após o horário
das novelas era até compreensível, dado o apelo popular que as novelas tinham.
Hoje creio que isso já não se justifica mais.
Seria muito
mais benéfico se o produto Futebol fosse organizado e pensado tendo os
torcedores e espectadores como foco. Não só em relação ao horário, mas também
em relação às formas de se assistir às partidas. Afinal não é para eles que
toda a publicidade é direcionada? Então quanto melhor for a experiência das
pessoas com o futebol mais valor o esporte irá agregar às marcas a ele ligadas.
Abel
concluiu a sua resposta afirmando que percebe o quanto o futebol brasileiro tem
a melhorar, seja em relação a jogadores, dirigentes, arbitragem e os próprios
jornalistas.
A questão
seguinte foi sobre o Endrick e a maneira como ele saiu de campo. O repórter
chegou a perguntar ao Abel se poderia perguntar sobre o Endrick, por conta dos
comentários do Professor em coletivas recentes, nas quais afirmou que não
responderia mais perguntas sobre o garoto.
Na resposta
o nosso treinador admitiu que não percebeu de imediato a maneira como Endrick
saiu de campo e o choro do jogador. Reconheceu que deveria ter dado um abraço
no garoto, mesmo não sendo o pai dele, mas como treinador deveria ter consolado
e ajudado a levantar o moral da nossa Cria. Abel enfatizou que Endrick fez gols
nos momentos certos e que ele não pode deixar de sorrir. O treinador está presente
para ajudá-lo bem como o elenco e o clube. Completou a resposta dizendo que
tudo é no tempo de Deus e que o garoto não precisa ter pressa, pois está só
começando a sua carreira.
Eu
reconheço que existe uma pressão imensa sobre o Endrick e eu tento sempre ter
em mente que se trata de um garoto de 16 anos. Um jogador excepcional, sim, mas
com apenas 16 anos. Por melhor que seja dentro de campo não podemos nos
esquecer que se trata de um ser humano ainda em formação, é um adolescente e
não podemos esperar que já consiga suportar fardos que muitos marmanjos
experientes não conseguem.
Entendo que
a fala de Abel seja nesse sentido, de dar tempo ao tempo para que o
amadurecimento do Endrick não seja prejudicado por conta da ansiedade causada
por pessoas ansiosas. Que a ansiedade delas permaneça com elas. Não vejo
motivos para que o Endrick seja cobrado por nada nesse momento. Se há pessoas
que defendem os outros jogadores, que nem de longe tem o talento e a técnica do
Endrick, por que não defender a nossa jóia também?
A pergunta
final foi sobre a suposta frieza característica dos europeus e sobre a sua
adaptação ao futebol brasileiro e à maneira de ser dos nossos jogadores.
Na resposta
o nosso português explicou que há de fato uma frieza nos europeus e citou como
exemplo um dirigente do time grego Paok, onde foi treinador antes de vir para o
Verdão.
Abel disse
ser muito ”brasileiro” principalmente por ter coração mole e por sempre estar
disposto a fazer o que for necessário para ajudar a quem o procura. Porém, as
coisas mudam quando ele está competindo. Aí entra em cena uma frieza necessária
à estratégia.
Nosso
treinador também comentou sobre os seus arroubos à beira do campo, o que disse
que vai melhorar e falou sobre os números referentes a cartões vermelhos e
expulsões, afirmando que é lógico que tenha o maior número de cartões vermelhos
e expulsões já que é o treinador mais longevo e com mais partidas disputadas.
Para
finalizar Abel Ferreira afirmou que tem a sua maneira de ser, que só é vista
fora de campo, nos bastidores, e que por isso quer preservar a sua intimidade.
Nas coletivas será sempre ele e os repórteres a se atacarem mutuamente, mas
isso faz parte do espetáculo, segundo palavras do próprio Abel.
Somos um povo
excessivamente passional. Muitas vezes essa nossa passionalidade acaba por nos
trazer problemas, principalmente porque a passionalidade influi diretamente no
nosso grau de paciência e nos torna imediatistas, incapazes de fazer e seguir
planos de médio e longo prazo, por exemplo. A passionalidade excessiva toma
todo o espaço que deveria ser dividido com a racionalidade. Digo isso com a
experiência de quem viveu 24 anos num país onde as pessoas são consideradas
frias, que é o Japão. E posso atestar que, de fato, lá as pessoas são excessivamente
frias, bem o oposto do que nós somos.
Como Abel
Ferreira é português e, portanto, tem o sangue latino comum a portugueses,
espanhóis e italianos, não é tão frio como os alemães e ingleses, por exemplo.
Vale lembrar que aqui o termo “latino” não faz referência à América Latina, mas
sim à herança romana vinda principalmente através dos idiomas derivados do
latim. Claro que a denominação América Latina tem a ver com a questão dos povos
que a povoaram, herdeiros dessa herança romana.
Enfim foi
mais uma coletiva interessante, onde aprendemos um pouco mais sobre a maneira
de pensar e de trabalhar do Professor Abel Ferreira.
Até a
próxima e #AvantiPalestra!
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