Analisando a Coletiva Pós-Jogo #2

 


Analisando a Coletiva Pós-Jogo #2

Palmeiras x São Paulo - Choque-Rei - Paulistão 2023

 

Abel Ferreira sempre que pode deixa claro aos jornalistas que prefere responder a questões referentes ao jogo, envolvendo questões técnicas e táticas, substituições, desempenho de jogadores, etc. Achei interessante que ele deixou claro que o lugar para lhe fazer perguntas é ali na coletiva e que ele não tem obrigação de dar entrevistas exclusivas a ninguém.

O Professor começou a coletiva respondendo justamente a respeito de questões táticas e envolvendo o reposicionamento do Rony, que nesta temporada voltou para a sua posição de origem como ponta. Também explicou a inversão de lados entre Rony e Dudu. O Professor deixou claro que tais mudanças não trazem problemas práticos para o time pois ele considera que o Rony é perfeitamente capaz de se adaptar rapidamente a uma função a qual ele já exerceu. Por não ser uma novidade, a readaptação deve ocorrer sem grandes dificuldades. Pontuou também que tanto Rony como Dudu são versáteis o suficiente para poderem jogar em ambos os lados do campo.

Sobre a entrada de Gabriel Menino como titular, o Professor Abel Ferreira disse que levou em consideração o fato do jogador ser experiente e já ter assumido a titularidade em jogos decisivos da temporada passada, quando precisou substituir o Danilo. O Professor ressaltou que Gabriel Menino é um jogador que já tem características e desempenho bem conhecidos e que por isso sabe o que pode esperar dele.

Do meu ponto de vista, esse é justamente o problema: nós conhecemos o desempenho dele e sabemos o quanto deixa a desejar. Gabriel Menino já esteve muito melhor e eu acredito que, diante da situação atual o Professor acaba sendo obrigado a utilizar o que tem e Gabriel Menino acaba sendo uma opção forçada. Me parece que todos querem que ele volte a render em campo como antigamente. A pergunta é: será que ele conseguirá recuperar o seu futebol?

Como sempre faz também, Abel Ferreira elogiou a equipe adversária e explicou o porquê de encarar o São Paulo como um adversário difícil. Achei os pontos dele bastante válidos e sou forçado a reconhecer que realmente em muitos aspectos o São Paulo foi superior ao Palmeiras, bastando ver as dificuldades que nos causaram na partida deste domingo. Achei interessante que ele deixou claro que avalia os pontos fortes dos nossos adversários justamente para poder trabalhar a nossa equipe para prepará-la e tentar eliminar possíveis pontos fracos que poderiam ser explorados.

Críticas, Crias e Contratações

Para não deixar este texto longo demais, focarei agora em dois pontos que me chamaram bastante atenção e que estão ligados entre si.

O primeiro ponto diz respeito à resposta dada pelo Professor quando perguntado a respeito de Fabinho e Giovani. Abel esclareceu que os meninos não foram utilizados ainda devido a problemas físicos enfrentados pelas nossas Crias. Afirmou também, e isso me chamou a atenção, que mesmo que os meninos estivessem disponíveis poderiam não ser imediatamente utilizados.

O Professor explicou que nossas Crias precisam conquistar o seu espaço mas ao mesmo tempo Abel afirmou que isso pode levar tempo, anos talvez, já que é necessário que surja espaço no time principal para que as Crias atuem. O Professor citou o exemplo de Vanderlan, afirmando que o lateral conquistou o seu espaço como reserva imediato de Piquerez, desbancando Jorge.

Porém não podemos esquecer que isto só ocorreu porque Jorge se lesionou, o que significa que, por mais talentoso e por mais qualidade que tenha, Vanderlan só conquistou o espaço porque uma situação atípica ocorreu. Sem isso, continuaria na fila. Para comprovar o que digo uso o próprio argumento apresentado por Abel Ferreira nesta coletiva, ao citar o Dudu e dizer que os meninos da base precisariam brigar e conquistar espaços mas que enquanto jogadores como Dudu estiverem no topo isso será difícil. Abel deu a entender que não tiraria um jogador como Dudu para dar oportunidade a um jovem da base.

Tal posicionamento de Abel é compreensível já que imagino o que aconteceria caso ele deixasse o Dudu no banco para dar espaço a outro jogador e o desempenho do time dentro de campo despencasse. Acho que é uma situação difícil de equilibrar: dar oportunidades aos meninos e ao mesmo tempo manter o time competitivo em campo.

Abel teceu críticas à falta de critérios claros em relação à arbitragem, com situações similares em jogos diferentes recebendo tratamentos distintos. Abel citou o caso do cartão amarelo recebido por Gustavo Gómez por supostamente ter atrapalhado a saída de bola do Botafogo-SP na última partida e nesta partida, em situação similar, não houve qualquer manifestação da arbitragem quando um jogador são-paulino atrapalhou a reposição de bola do Weverton. Realmente falta coerência nas decisões e uniformidade de critérios. Cada árbitro age segundo seu próprio entendimento, como se não houvesse regras a serem seguidas.

O segundo ponto que gostaria de comentar diz respeito à questão da contratação de reforços. Abel Ferreira lembrou uma fala sua do passado, quando afirmou que viriam reforços caso jogadores saíssem da equipe e que viriam no máximo duas reposições, e caso não viessem (ou não saíssem jogadores) trabalharia com o que tivesse à mão. Vale lembrar que a saída de Scarpa já era sabida desde o meio da temporada passada e o clube pouco fez para repor o jogador á altura. Eu não vejo Bruno Tabata como esta reposição.

O Professor reafirmou que o Palmeiras não ganhará sempre mas que o clube sempre dará o seu melhor. Nesse sentido afirmou que o time precisa de reforços e que o Palmeiras será criterioso em relação às contratações para evitar os erros cometidos no passado.

E quanto a estes erros cometidos, Abel Ferreira deu a entender que as várias contratações de jogadores feitas no último ano e meio (que muitos chamam de bagres) foram um erro. Cheguei a esta conclusão pois o próprio Professor citou o caso de Flaco López, que é um jogador que precisa de tempo para "potenciar". Ou seja, o Professor deixa claro que gastamos R$ 50 milhões para contratar um jogador que ainda não está pronto para render em campo de forma a agregar qualidade à equipe alviverde e que isso foi um erro. Nas palavras de Abel Ferreira, se for para contratar jogadores nestas condições é melhor utilizar os garotos da base.

Podemos concluir facilmente que as contratações feitas até aqui foram um erro pois Abel foi categórico ao afirmar que quer jogadores prontos e que se for pra ter jogadores para concluir a formação, ele já os tem na base. Afirmou ainda que nada tem contra "medalhões" e que quer jogadores que estejam prontos para render dentro de campo.

Foi uma mudança drástica de posicionamento de Abel Ferreira e vai ao encontro do que eu e a maioria dos torcedores sempre afirmamos: não precisamos de apostas pois já temos as Crias como apostas para o futuro. Precisamos de contratações pontuais de jogadores prontos e experientes que possam chegar, vestir a camisa alviverde e representar dentro de campo.

O Professor aproveitou para esclarecer que a contratação de jogadores não depende apenas dele e que qualquer jogador contratado chegará com o seu aval mas também com o aval do scouting, do diretor esportivo e da presidente. Se antes Abel Ferreira parecia abraçar esta responsabilidade, agora aparentemente ele não está mais disposto a carregar este fardo sozinho.

Abel Ferreira também fez uma crítica velada à diretoria ao afirmar que o futebol é feito de  resultados imediatos mas que estes resultados levam tempo para serem obtidos. Em outras palavras, no meu entender Abel Ferreira criticou a lentidão da diretoria para agir em relação às contratações. Ao mesmo tempo que reconheceu que a diretoria precisa agir de forma criteriosa para não cometer os erros do passado, reconheceu também que os problemas atuais são causados por uma lentidão excessiva da diretoria em agir e tomar providências pontuais. Outra crítica neste sentido veio quando afirmou que a diretoria não se posiciona publicamente em relação aos problemas que afetam o clube, se limitando a fazer solicitações e reclamações via e-mail. Abel se mostrou irritado com esta postura e usou a expressão "basta!".

Em resumo, foi uma coletiva bastante esclarecedora e mostrou um Abel Ferreira disposto a tirar o seu da reta e a jogar a diretoria na fogueira da torcida palmeirense. Será que o Professor finalmente se cansou de passar pano para a diretoria? Ou ele finalmente percebeu que, em caso de tragédia dentro de campo e ausência de títulos, a diretoria não hesitará em jogá-lo aos porcos ensandecidos?

O tempo dirá.

 

 

 

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